Aeroporto Belém do Pará X Icoaraci X Hotel X Cia das Docas X Ver-o-Peso
Aproveitei o feriado do dia da consciência negra para ir conhecer uma raça tão escravizada quanto os negros, a raça indígena de Belém do Pará.
Achar informações na internet a respeito da cidade antes de viajar foi difícil, encontrei pouquíssimas informações mesmo fuxicando os “mochileiros.com”. Tudo apontava para o site da Paratur, órgão oficial do estado, que achei incompleto, mencionava os pontos turísticos mas não dizia endereço, telefone, horários de atendimento, nada. O pouco que consegui foi buscando aqui e ali.
Tive uma ótima estadia, assim que cheguei o primeiro impacto foi com relação a luminosidade do aeroporto internacional (Av. Júlio César, s/n, Val de Cans - Tel.: 3210-6039) que tem uma arquitetura pensada para aproveitar a luz natural. Se pensarmos na questão da energia elétrica atualmente acho que os arquitetos deveriam estudar um pouco mais sobre essas possibilidades e passarem a projetar residências e prédios comerciais com essa visão.
O aeroporto fica a mais ou menos 12 km do centro da cidade e pode-se ir de taxi (sai por uns R$35,00) ou de ônibus (R$1,70). Há diversas linhas que passam pelo aeroporto, mas a maioria tem que fazer baldeação na Estação do Marex. Tem uma linha 634 - E Marex/Arsenal que vai pela orla de Belém contornando a baía do Guajará passando pelos armazéns do porto e indo até o Mercado Ver-o-Peso (tem que estar escrito na frente “Centro”). A linha 638 - Pratinha/Presid. Vargas passa pelas avenidas mais importantes da cidade como Governador José Malcher e a Presidente Vargas. Mas o transporte coletivo não é um serviço muito bom na cidade.
Fiquei hospedada no hotel Grão Pará (Av. Presid. Vargas, 718 - tel.: 32212121) bem em frente ao lindíssimo Teatro da Paz (inaugurado em 1878 ornamentados com ferro inglês banhado a ouro, lustres de cristal Frances e mármores italianos, em agosto costuma ter o festival de ópera; já foi a casa mais luxuosa do país onde se exibiram Carlos Gomes e a bailarina Ana Pavlova) e pertíssimo da Cia Docas, não é um hotel 5 estrelas mas eu gostei. Nem bem cheguei ao hotel já deixei minhas malas e fui direto para Icoaraci, o centro da cerâmica Marajoara; é de lá também que sai a balsa para a Ilha de Marajó. Depois fui direto para as docas, almocei por lá e fui conhecer o mercado Ver-o-Peso.
Por incrível que pareça não me identifiquei com o mercado, adoro ir a mercados e feiras toda vez que conheço uma cidade mas não consegui manter o desejo lá. O cheiro me incomodou, lembrou a antiga feira de peixes que havia na praça XV no Rio e que felizmente tiraram. Sempre ouvi muito sobre os “cheiros do Pará” mas esse talvez eu não tenha tido a boa sorte de sentir. Mas há algumas considerações que vou deixar no final para me redimir.
Belém X Ilha de Marajó
Na sexta-feira acordei as 5:00h para ir a Ilha de Marajó, tinha duas opções: ou ia para o II Festival de Cultura Mokanaia em Muaná ou ia para Soure que era a única referencia que tinha por ser considerada a capital da Ilha. Desisti da primeira porque ao perguntar a recepcionista do hotel como fazia para ir até Muaná ela me disse que nunca tinha ouvido falar (isso é inaceitável para uma profissional da área turística, deveria ao menos aprender um pouquinho sobre a cidade onde vive).
As informações de barcos, locais e horários não encontrei em nenhum site mas por sorte optei por Soure, como disse antes pode-se atravessar a Baía do Guajará de balsa que sai de Icoaraci (linha rodo-fluvial Icoaraci-Marajó) ou num barco que sai da Cia Docas, eles tem um guichê de venda no setor turístico (linha fluvial Belém-Marajó).
Saímos as 7:30h (o bilhete custou R$25,00) até o Porto de Camará, a viagem dura mais ou menos 2:30min e lá tem que pegar uma van até Salvaterra (R$5,00) que dura uns 20min. Salvaterra é formada por 48 vilas, lá você embarca numa balsa (passageiro não paga, só os carros) até Soure que fica na outra margem do rio e você vê perfeitamente. Essa travessia dura uns 10 min.
No barco ainda em Belém conheci o Sr. João que ao primeiro olhar já foi logo puxando conversa, o barco nem tinha saído ainda e ele já foi logo perguntando admirado o que é que eu estava fazendo ali sozinha? Quando disse que era do Rio e que tinha ido conhecer Belém, ele ficou perplexo.
Como é que pode - disse ele - uma mulher sozinha viajando assim!!!
Foi ótimo te-lo conhecido porque fui lhe perguntando tudo em boa parte da viagem e ele me contando tudo em relação a Belém e ao Marajó. Fomos conversando do lado de fora do barco porque lá dentro o ar condicionado estava congelando, mas ele me preparou que só poderíamos ficar ali até certo local porque depois o barco ia bater muito e a água ia molhar todo mundo.
Seu João estava admirado também por eu ter feito uma viagem tão rápida de avião até lá, enquanto ele estava chegando de Macapá de navio numa viagem que durou 2 dias e meio e ainda estava indo para Joanes no Marajó. Ficamos dialogando coma perplexidade a respeito das vantagens e desvantagens da modernidade.
Foi ele quem me deu todo o serviço de onde era Muaná, me traçou no “ar” o mapa de Belém e de suas ilhas para que eu entendesse e me localiza-se. Contou que só há 1 barco para Muaná e que sai somente a noite para viajar toda madrugada e chegar pela manhã,, assim economizam os serviços de alimentação. Geralmente em viagens que ultrapassam seis horas eles tem que servir café da manhã, almoço e jantar conforme as horas de viagem.
Na altura da Ilha de Cotejuba ele me contou a respeito do capitão Amaral que tomava conta do antigo presídio na ilha que foi desativado. Disse que o conheceu bastante e que o viu morrer atormentado pelas atrocidades que havia cometido durante o tempo que tomou conta do presídio.
Muitos presos que eram enviados para a ilha nem conseguiam chegar porque eles os obrigavam a pular na água com as mãos algemadas, alguns não sabiam nadar e morriam outros sofreram torturas como ficarem jogados sobre um formigueiro ou sofrendo privações.
Seu João disse que ao final da vida o capitão Amaral enlouqueceu por causa da consciência.
Toda hora ele interrompia suas historias dizendo que eu tinha que ficar mais tempo em Belém porque eu precisava conhecer as belezas de lá, que eu precisava conhecer melhor as cidades, as pessoas, o jeito de ser do paraense de verdade, do caboclo, do índio.
Me contou que numa ocasião, numa ilha que não me recordo o nome ele e um amigo pararam para comer num lugar e pediram um peixe - o tapanã - e a pessoa ia preparando quando a dona, uma índia, mandou parar dizendo que não podia ser feito daquele jeito. Que tapanã não pode lavar, tem que pegar no rio e já preparar sem lavar para não perder o gosto. Dizia que era assim que se prepara um peixe. Nem sei o que faria se fosse comigo.
A nós se juntou um rapaz que se apresentou como estudante de turismo, o Welinton, e que estava indo para Soure para fazer um trabalho de campo para a faculdade, me deu todo o serviço da cidade: onde comer, onde comprar, por onde ir, etc. Ele foi muito simpático e no Porto de Camará me ofereceu carona até Salvaterra no carro de suas amigas, duas que estudavam com ele. Durante a viagem me entrevistaram, fotografaram e gravaram tudo que dizia, também me ensinaram todas as gírias de Belém.
Em Soure nos separamos, eu tinha pouco tempo para explora-La mesmo a cidade sendo bem pequenininha.
Quem espera encontrar búfalos por toda Soure está enganado, só vi dois por todas as ruas que andei. Os búfalos deram lugar aos moto táxis como em todo país. Eles se concentram mais nas fazendas que ficam mais afastadas. Pra visitar as fazendas, o curtume, as praias de rio você tem que pernoitar. Soure é uma graçinha, perto do Mercado (que não tem quase nada) tem o centro de artesanato (que também não tem quase nada). As ruas são limpíssimas, andei toda a ilha com um copo descartável na mão porque não encontrei nenhuma lixeira.
Quase em todas as casas tinha uma placa de “Vende-se chop”, até pensei porque vendiam tanto chopp mas não é nada disso. Chop é para nós o sacolé e fala-se “chupe”.
A cidade não tem acolhimento ao turista que chega sem ser através de agencia, não há sequer uma pessoa no desembarque que dê informações e que atue como um guia, também não creio que haja uma pessoa como eu que faça essas loucuras.
Lá eu tomei o guaraná do Marajó, uma mistura de guaraná com castanha, com canela e outras coisas que não sei o que era, só sei que era cremoso e delicioso. Diferente também é o açaí, nada a ver com o que conhecemos aqui no sudeste; queria saber o que os comerciantes adicionam para termos esse que tomamos que é bem mais fraco. Também não quis tomar em qualquer lugar por causa da incidência de doença de chagas através do açaí que tanto falam no meu trabalho por isso evitei por não confiar na procedência.
Bom, minha visita a Soure se encerrou muito rápido, esperei a balsa que sai as 13:30 para Salvaterra sob a sombra de uma mangueira com o vento delicioso refrescando o calor intenso. Para entrar na balsa tive que colocar o pé no rio até o calcanhar, isso explicou porque todo mundo anda de chinelo de dedo.
D. Nazilda que vende espeto (em frente a Porteira Barra Velha perto do Marisco Louco a R$0,50) e outros pratos regionais entrou comigo. Eu e ela ficamos tomando conta de um sujeito que vendia chop por R$0,50. Ela ficou inconformada porque vendia o dela por R$0,25; eu também fiquei inconformada com a luta dela.
Em Salvaterra as vans já ficam te esperando para te levar ao porto de Camará. Em Camará fique atento, as pessoas não ficam na fila pra comprar o bilhete e essa balsa lota. Em compensação fazem uma fila de malas, mochilas e sacos, quando percebi que ia ficar pra traz coloquei logo minha mochila lá e garanti minha volta.
Essa balsa me deu medo, meu amigo Welinton disse que essa “batia” muito e que na semana anterior todo mundo tinha colocado colete salva-vidas. Comprei um bilhete para a ala VIP (por R$15,00) a diferença era pequena da normal que tem os bancos de madeira embora a única diferença seja a de que a VIP muito menor tem ar condicionado mas é um entra e sai o tempo todo. Permaneci sentada ali só até recuperar o cansaço e depois de uma hora sai e me sentei no setor normal, também fui a lanchonete do barco para fazer um lanche, ali os homens ficam concentrados em volta das mesas ou jogando a dinheiro, ou jogando conversa fora. Alguns riam muito com as historias que eram contadas outros permaneciam sentados vendo a TV que funcionava muito mal e pouco se ouvia por causa para conversa ao fundo.
Isso não foi tudo, ainda vou completar esse post...
Aproveitei o feriado do dia da consciência negra para ir conhecer uma raça tão escravizada quanto os negros, a raça indígena de Belém do Pará.
Achar informações na internet a respeito da cidade antes de viajar foi difícil, encontrei pouquíssimas informações mesmo fuxicando os “mochileiros.com”. Tudo apontava para o site da Paratur, órgão oficial do estado, que achei incompleto, mencionava os pontos turísticos mas não dizia endereço, telefone, horários de atendimento, nada. O pouco que consegui foi buscando aqui e ali.
Tive uma ótima estadia, assim que cheguei o primeiro impacto foi com relação a luminosidade do aeroporto internacional (Av. Júlio César, s/n, Val de Cans - Tel.: 3210-6039) que tem uma arquitetura pensada para aproveitar a luz natural. Se pensarmos na questão da energia elétrica atualmente acho que os arquitetos deveriam estudar um pouco mais sobre essas possibilidades e passarem a projetar residências e prédios comerciais com essa visão.
O aeroporto fica a mais ou menos 12 km do centro da cidade e pode-se ir de taxi (sai por uns R$35,00) ou de ônibus (R$1,70). Há diversas linhas que passam pelo aeroporto, mas a maioria tem que fazer baldeação na Estação do Marex. Tem uma linha 634 - E Marex/Arsenal que vai pela orla de Belém contornando a baía do Guajará passando pelos armazéns do porto e indo até o Mercado Ver-o-Peso (tem que estar escrito na frente “Centro”). A linha 638 - Pratinha/Presid. Vargas passa pelas avenidas mais importantes da cidade como Governador José Malcher e a Presidente Vargas. Mas o transporte coletivo não é um serviço muito bom na cidade.
Fiquei hospedada no hotel Grão Pará (Av. Presid. Vargas, 718 - tel.: 32212121) bem em frente ao lindíssimo Teatro da Paz (inaugurado em 1878 ornamentados com ferro inglês banhado a ouro, lustres de cristal Frances e mármores italianos, em agosto costuma ter o festival de ópera; já foi a casa mais luxuosa do país onde se exibiram Carlos Gomes e a bailarina Ana Pavlova) e pertíssimo da Cia Docas, não é um hotel 5 estrelas mas eu gostei. Nem bem cheguei ao hotel já deixei minhas malas e fui direto para Icoaraci, o centro da cerâmica Marajoara; é de lá também que sai a balsa para a Ilha de Marajó. Depois fui direto para as docas, almocei por lá e fui conhecer o mercado Ver-o-Peso.
Por incrível que pareça não me identifiquei com o mercado, adoro ir a mercados e feiras toda vez que conheço uma cidade mas não consegui manter o desejo lá. O cheiro me incomodou, lembrou a antiga feira de peixes que havia na praça XV no Rio e que felizmente tiraram. Sempre ouvi muito sobre os “cheiros do Pará” mas esse talvez eu não tenha tido a boa sorte de sentir. Mas há algumas considerações que vou deixar no final para me redimir.
Belém X Ilha de Marajó
Na sexta-feira acordei as 5:00h para ir a Ilha de Marajó, tinha duas opções: ou ia para o II Festival de Cultura Mokanaia em Muaná ou ia para Soure que era a única referencia que tinha por ser considerada a capital da Ilha. Desisti da primeira porque ao perguntar a recepcionista do hotel como fazia para ir até Muaná ela me disse que nunca tinha ouvido falar (isso é inaceitável para uma profissional da área turística, deveria ao menos aprender um pouquinho sobre a cidade onde vive).
As informações de barcos, locais e horários não encontrei em nenhum site mas por sorte optei por Soure, como disse antes pode-se atravessar a Baía do Guajará de balsa que sai de Icoaraci (linha rodo-fluvial Icoaraci-Marajó) ou num barco que sai da Cia Docas, eles tem um guichê de venda no setor turístico (linha fluvial Belém-Marajó).
Saímos as 7:30h (o bilhete custou R$25,00) até o Porto de Camará, a viagem dura mais ou menos 2:30min e lá tem que pegar uma van até Salvaterra (R$5,00) que dura uns 20min. Salvaterra é formada por 48 vilas, lá você embarca numa balsa (passageiro não paga, só os carros) até Soure que fica na outra margem do rio e você vê perfeitamente. Essa travessia dura uns 10 min.
No barco ainda em Belém conheci o Sr. João que ao primeiro olhar já foi logo puxando conversa, o barco nem tinha saído ainda e ele já foi logo perguntando admirado o que é que eu estava fazendo ali sozinha? Quando disse que era do Rio e que tinha ido conhecer Belém, ele ficou perplexo.
Como é que pode - disse ele - uma mulher sozinha viajando assim!!!
Foi ótimo te-lo conhecido porque fui lhe perguntando tudo em boa parte da viagem e ele me contando tudo em relação a Belém e ao Marajó. Fomos conversando do lado de fora do barco porque lá dentro o ar condicionado estava congelando, mas ele me preparou que só poderíamos ficar ali até certo local porque depois o barco ia bater muito e a água ia molhar todo mundo.
Seu João estava admirado também por eu ter feito uma viagem tão rápida de avião até lá, enquanto ele estava chegando de Macapá de navio numa viagem que durou 2 dias e meio e ainda estava indo para Joanes no Marajó. Ficamos dialogando coma perplexidade a respeito das vantagens e desvantagens da modernidade.
Foi ele quem me deu todo o serviço de onde era Muaná, me traçou no “ar” o mapa de Belém e de suas ilhas para que eu entendesse e me localiza-se. Contou que só há 1 barco para Muaná e que sai somente a noite para viajar toda madrugada e chegar pela manhã,, assim economizam os serviços de alimentação. Geralmente em viagens que ultrapassam seis horas eles tem que servir café da manhã, almoço e jantar conforme as horas de viagem.
Na altura da Ilha de Cotejuba ele me contou a respeito do capitão Amaral que tomava conta do antigo presídio na ilha que foi desativado. Disse que o conheceu bastante e que o viu morrer atormentado pelas atrocidades que havia cometido durante o tempo que tomou conta do presídio.
Muitos presos que eram enviados para a ilha nem conseguiam chegar porque eles os obrigavam a pular na água com as mãos algemadas, alguns não sabiam nadar e morriam outros sofreram torturas como ficarem jogados sobre um formigueiro ou sofrendo privações.
Seu João disse que ao final da vida o capitão Amaral enlouqueceu por causa da consciência.
Toda hora ele interrompia suas historias dizendo que eu tinha que ficar mais tempo em Belém porque eu precisava conhecer as belezas de lá, que eu precisava conhecer melhor as cidades, as pessoas, o jeito de ser do paraense de verdade, do caboclo, do índio.
Me contou que numa ocasião, numa ilha que não me recordo o nome ele e um amigo pararam para comer num lugar e pediram um peixe - o tapanã - e a pessoa ia preparando quando a dona, uma índia, mandou parar dizendo que não podia ser feito daquele jeito. Que tapanã não pode lavar, tem que pegar no rio e já preparar sem lavar para não perder o gosto. Dizia que era assim que se prepara um peixe. Nem sei o que faria se fosse comigo.
A nós se juntou um rapaz que se apresentou como estudante de turismo, o Welinton, e que estava indo para Soure para fazer um trabalho de campo para a faculdade, me deu todo o serviço da cidade: onde comer, onde comprar, por onde ir, etc. Ele foi muito simpático e no Porto de Camará me ofereceu carona até Salvaterra no carro de suas amigas, duas que estudavam com ele. Durante a viagem me entrevistaram, fotografaram e gravaram tudo que dizia, também me ensinaram todas as gírias de Belém.
Em Soure nos separamos, eu tinha pouco tempo para explora-La mesmo a cidade sendo bem pequenininha.
Quem espera encontrar búfalos por toda Soure está enganado, só vi dois por todas as ruas que andei. Os búfalos deram lugar aos moto táxis como em todo país. Eles se concentram mais nas fazendas que ficam mais afastadas. Pra visitar as fazendas, o curtume, as praias de rio você tem que pernoitar. Soure é uma graçinha, perto do Mercado (que não tem quase nada) tem o centro de artesanato (que também não tem quase nada). As ruas são limpíssimas, andei toda a ilha com um copo descartável na mão porque não encontrei nenhuma lixeira.
Quase em todas as casas tinha uma placa de “Vende-se chop”, até pensei porque vendiam tanto chopp mas não é nada disso. Chop é para nós o sacolé e fala-se “chupe”.
A cidade não tem acolhimento ao turista que chega sem ser através de agencia, não há sequer uma pessoa no desembarque que dê informações e que atue como um guia, também não creio que haja uma pessoa como eu que faça essas loucuras.
Lá eu tomei o guaraná do Marajó, uma mistura de guaraná com castanha, com canela e outras coisas que não sei o que era, só sei que era cremoso e delicioso. Diferente também é o açaí, nada a ver com o que conhecemos aqui no sudeste; queria saber o que os comerciantes adicionam para termos esse que tomamos que é bem mais fraco. Também não quis tomar em qualquer lugar por causa da incidência de doença de chagas através do açaí que tanto falam no meu trabalho por isso evitei por não confiar na procedência.
Bom, minha visita a Soure se encerrou muito rápido, esperei a balsa que sai as 13:30 para Salvaterra sob a sombra de uma mangueira com o vento delicioso refrescando o calor intenso. Para entrar na balsa tive que colocar o pé no rio até o calcanhar, isso explicou porque todo mundo anda de chinelo de dedo.
D. Nazilda que vende espeto (em frente a Porteira Barra Velha perto do Marisco Louco a R$0,50) e outros pratos regionais entrou comigo. Eu e ela ficamos tomando conta de um sujeito que vendia chop por R$0,50. Ela ficou inconformada porque vendia o dela por R$0,25; eu também fiquei inconformada com a luta dela.
Em Salvaterra as vans já ficam te esperando para te levar ao porto de Camará. Em Camará fique atento, as pessoas não ficam na fila pra comprar o bilhete e essa balsa lota. Em compensação fazem uma fila de malas, mochilas e sacos, quando percebi que ia ficar pra traz coloquei logo minha mochila lá e garanti minha volta.
Essa balsa me deu medo, meu amigo Welinton disse que essa “batia” muito e que na semana anterior todo mundo tinha colocado colete salva-vidas. Comprei um bilhete para a ala VIP (por R$15,00) a diferença era pequena da normal que tem os bancos de madeira embora a única diferença seja a de que a VIP muito menor tem ar condicionado mas é um entra e sai o tempo todo. Permaneci sentada ali só até recuperar o cansaço e depois de uma hora sai e me sentei no setor normal, também fui a lanchonete do barco para fazer um lanche, ali os homens ficam concentrados em volta das mesas ou jogando a dinheiro, ou jogando conversa fora. Alguns riam muito com as historias que eram contadas outros permaneciam sentados vendo a TV que funcionava muito mal e pouco se ouvia por causa para conversa ao fundo.
Isso não foi tudo, ainda vou completar esse post...